sexta-feira, 23 de abril de 2010

A casa da solidão

A casa da solidão '

'Vende-se uma casa grande e decorada com a mais pura ilusão.
As paredes estão tristes e tão isoladas quanto eu.
Os quartos representam as más lembranças, e o lago ao redor da mansão é a saudade de algo que um dia já foi bom.
Vendo ou troco, para o próximo dono da mais pura desilusão. '



(Fiz esse texto pra uma redação do colégio em 2007, e que ficou arquivado aqui no computador. Repostei porque na época ele fez o MAIOR sucesso com o pessoal da sala e até com a professora, que me elogiou horrores e me rendeu uma nota máxima. É triste, mas eu acho que é até bonito...)

O SONHO

O sonho

Sonhe com aquilo que você quer ser,
porque você possui apenas uma vida
e nela só se tem uma chance
de fazer aquilo que quer.

Tenha felicidade bastante para fazê-la doce.
Dificuldades para fazê-la forte.
Tristeza para fazê-la humana.
E esperança suficiente para fazê-la feliz.

As pessoas mais felizes não tem as melhores coisas.
Elas sabem fazer o melhor das oportunidades
que aparecem em seus caminhos.

A felicidade aparece para aqueles que choram.
Para aqueles que se machucam
Para aqueles que buscam e tentam sempre.
E para aqueles que reconhecem
a importância das pessoas que passaram por suas vidas



- CLARICE LISPECTOR

sábado, 17 de abril de 2010

Mistérios

Gosto do mistério.
Do oculto.
Daquilo que não se descobre.
Gosto da curiosidade.
Da arte de imaginar.
Daquilo que não se pode saber.
Gosto do silêncio.
De quando o vácuo falo por si só.
Daquilo que não se pode comentar.
Gosto do medo.
Da solidão.
Daquilo que não se pode enfrentar.
Gosto do perigo.
De arriscar tudo.
Daquilo que não se pode fazer.

Gosto dos mistérios de não conhecer alguém, de não conhecer um lugar, de não conhecer limites.
Gosto dos mistérios que assombram, assustam, e afastam.
Gosto de imaginar as origens, as personalidades, os sonhos, as rotinas.
Gosto dos temidos mistérios.
Gosto dos mistérios.

Daquilo que não se pode saber.

Rätsel
Mistery.
Mystère.
Mistero.
Mistério.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Pintando Quadros

O vento sopra forte enquanto preparo o pincel. Seguro-o firmemente nas mãos enquanto deixo a aquarela escorrer por cima do tecido esticado.
Minhas mãos correm livremente pelo quadro ainda sem moldura. Traços e mais traços passam a adquirir perfeição, tranformando o branco triste em pequenos detalhes vivos.
Com cores frias, pequenas penas se contornam, até que um perfeito par de asas se forma. Um pássaro surge, belo e perfeito, anunciando a liberdade absoluta de seu voô. E eu, inclusive, posso ouvi-lo cantar. Assovios curtos e alegres que formam uma melodia única, algo que nem o piano mais belo e clássico seria capaz de reproduzir.
Sorrio satisfeita, enquanto mancho o suposto céu com respingos de tintas neutras. Hora um cinza, ora um creme... Nuvens podem ser tão misteriosas, e tão fora do padrão comum do branco sem vida. E então, brinco com cores quentes. Tons avermelhados e alaranjados misturam-se com a neutralidade anterior, e passam a representar uma belíssima hora do dia, em que o céu do entardecer prepara-se para receber a noite. E o crepúsculo adquire forma, marcando o fim de um dia, e o renascimento da noite que ainda está por vir.
Percebo que minhas mãos já se movem involuntariamente. Preparam uma paisagem romântica, com uma pequena ponte atravessando um lago profundo. As águas afogam, renovam e limpam. E dão beleza ao quadro, com os reflexos que fazem das figuras que estão sobre elas. E o sépia cai sobre aquela cena, e o mistério se intensifica, ao mesmo tempo em que se firma com a beleza dos sonhos ocultos e diferentes que temos. Posso escutar o burburinho das águas, e dos pequenos galhos que caem nelas.
Mais movimentos involuntários tomam conta de minhas mãos. Tento controlar a verocidade deles, mas tudo que eu consigo é acrescentar detalhes à paisagem. A beleza das árvores escuras representam a natureza. E, sobre a ponte, pequenos traços escuros começam a se formar.
Claro, como pude me esquecer desse detalhe? Porque por trás da liberdade do voô dos pássaros, da beleza marcante do crepúsculo, da paisagem romântica e da natureza respeitada, existe o amor. O amor que assombra e ilumina a vida de qualquer ser habitante na terra. O amor, a essência principal da tinta e do pincel, que inspiram a belíssima obra de um artista apaixonado pela própria arte. E assim, os braços se tocam, se abraçam, e um casal ganha a vida em cima da ponte. Onde um beijo de amor sela a beleza do quadro.

E eis as belezas que marcam a vida. Pequenas belezas que deveriam ser notadas nos mínimos detalhes.
Uma pequena representação da beleza, entre tantas outras belezas existentes na vida. A noite, a amizade, o encanto, o espanto, a felicidade... Incontáveis, e impossíveis de se representar em um único quadro.

Porque viver, com a intensidade de um pássaro alegre e cantante e de um casal apaixonado, é em si uma arte. Uma arte, que deve ser vista nos mínimos detalhes, como na pintura de um belíssimo quadro.





Por Camila Honorato.