quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Maldita juventude

Eles não ligam pra nada:
Não se importam com revoluções.
Não dão trela às informações.
A cada dia que passa, deparam-se com um mundo mais difícil de viver: cercado por guerras, lutas desnecessárias e um planeta corroído pela atividade humana. E não se importam com isso. Nenhuma de suas ações refletem a consciência: não leêm sobre o assunto, não manifestam opiniões, não abrem a boca pra falar disso e nem mesmo para mover o corpo para uma suposta ação voluntária.
Pelas noites das cidades, eles riem. Caminham dentro de casas noturnas, tomando copos de álcool para aliviar um estresse inexistente e dissipar a timidez. A cada passo dado, uma nova ideia fútil aos ouvidos. Homens e mulheres, rendam-se a seus beijos desesperados, suas mãos bobas ávidas por toques brutos que não trazem prazer. Rendam-se à falta de conteúdo de seus cérebros, ao comportamento troglodita que rondam seus seres.
Venha para cama: desfrute de um momento do mais puro sexo mal feito. Não se importe com os beijos e os toques superficiais que virão. Apenas quero me divertir com seu corpo, sem me preocupar em satisfazer-te. Quero contar vantagem aos meus amigos fúteis, falar com eles quantas pessoas comi. Adoro a forma como seus olhos brilham de admiração.
As músicas tocam no rádio do carro. Estendem as baladas noturnas que frequentam. Batuques repetitivos, letras descabidas, que só servem para movimentar. Quem se importa com a trilha sonora? Danças mecânicas envolvem o momento. Deixe que envolva você também...
Livros criam poeira em cima da estante. Por quê deveria me importar com o conteúdo? Tudo o que importa é a beleza superficial que envolve os seres. Mal posso acreditar que existam pessoas que se comovem com letras, artes pintadas e esculpidas, danças elaboradas. Isso realmente não faz diferença...

Não sabem o que é apreciar a arte em suas mais variadas formas.
Não sabem o que é contemplar um quadro, uma escultura, artigos históricos e modernos expostos.
Não sabem o valor de sentar em um lugar qualquer para deixar as palavras entrarem. Leituras desnecessárias, paisagens e cenas criadas no imaginário descartadas como lixo.
Não conhecem a beleza da boa música. A leveza ou o peso que possuem os instrumentos, a dificuldade de realmente cantar, gritar. A composição de palavras cantadas, o processo de suas criações.
Não conhecem o prazer de lutar pelos ideias. Só sabem receber suas vontades em uma bandeja de prata. Dinheiro no bolso dado pelos pais com a maior facilidade. Tudo se concede.
Não encaram a beleza dos olhos, dos traços. Aquilo que está oculto, no mistério, não lhes despertam interesse. Só querem aquilo que está exposto, arreganhado como objetos fúteis de desejo.
Não sabem o que é o erotismo. Como fazê-lo.
Só sabem o superficial do foder.

Eu declaro guerra à maldita juventude contemporânea.
Aos objetos superficiais e alienados.

Ao imbecis e delinquentes.

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