terça-feira, 5 de agosto de 2008

Fazer da vida um grande carnaval.

Andei pensando muito a respeito dessa frase antes de adotá-la em minha vida, que aliás mudou muito nos últimos anos.
Eu nunca tinha sido um excelente exemplo de garota popular, e pego isso como modelo desde que eu era criança. Olhando para dentro da janela do jardim, ou do pré, olhava-se apenas para uma criança normal, quieta e que não possuia muitas qualidades que mereciam ser observadas. Durante muito tempo, fui a excluída do grupo. O verdadeiro patinho feio. Era evitada por grande parte das pessoas. E ai daquele que viesse perto de mim para e provocar... Não pensava duas vezes antes de descer-lhes bofetadas dignas de olho roxo e mordidades dignas de vermelhidão. E adivinha só, com tudo isso, quem era o público alvo das humilhações? AHA!
Depois de ter saído do pré, optei por ficar quieta no meu canto, sem nenhum sinal de "atentado ao pudor", ou seja, sem mordidas ou violências com aqueles que me provocassem. E eis que mudo de escola pela primeira vez e tenho que lidar com outros tipos de crises: não conseguia arrumar amigos. Os meus colegas eram falsos. Acho que ficavam perto de mim, ás vezes, por conta de interesses. Quando eu levava algum tipo de lanche diferente ou umas lembrancinhas de festas de aniversário. Hora me amavam, hora me odiavam. E foi com essa crise que eu optei por mudar de escola pela segunda vez...
Fui morar em embu guaçu, e por isso comecei a estudar em um colégio em Itapecerica da Serra (que eu sempre falava "Da Selva", mas enfim, aprendi a falar corretamentem. Hehe). Lá, eu até tinha amigos, mas era uma solidão... Sentia falta do ar da cidade grande, de voltar pra casa e ver gente mesmo, e não mato. Com isso, mudei de escola pela terceira vez...
Fui estudar numa escola do Capão Redondo. Fiz prova e tudo pra entrar, afinal a escola tinha um ensino bem requisitado. Não era todo mundo que conseguia entrar lá. E eu enterei! Lembro da minha cara de felicidade ao saber que experimentaria mais uma vez esse gosto de novidade. Era a mesma escola da minha prima, então o que poderia sair de errado? Já conhecia uma pessoa querida da família e não seria sacrifício nenhum para mim.
No começo, estranhei: caímos em classes diferentes e eu ainda não conhecia ninhguém. Por sorte, alguns alunos vinham falar comigo pra tentar me enturmar. Até aí, tudo bem... Minha prima até abria uma brecha para eu me aproximar mais dela durantes os intervalos. E das amigas dela também! Esse primeiro ano na escola até que não fora difícil: eu tinha amigos legais, por mais que brigasse com eles de vez em quando.
No ano seguinte dessa mesma escola, lidamos com um problema: a melhor amiga da minha prima havia falecido em decorrência de um acidente. Atravessava a rua enquanto vinha um caminhão... Essa fase havia sido difícil. Aliás esse ano foi conturbado: comecei a enfrentar crises com amigos mais uma vez, minha prima tornou-se agressiva e solitária, me deixando de lado e dando pouca importância pra mim nessas fases (algo totalmente aceitável, eu acho) e eu comecei a ter problemas de insônia, que me assombrava todos os dias e me impedia de tentar ao menos tirar um cohilinho sequer. Por conta disso, acabei criando uma pré-depressão. Ainda mais nessa fase em que eu vivia meu primeiro amor (sim, comecei cedo com essas coisas). Era até bonitinho, mas a minha timidez me impedia de trocar uma palavra seuquer com a pessoa.
Passando esse ano, conheci uma turma nova. Lembro da época em que a gente vivia causando nas salas de aula. Eu estava no quinto ano. Foi um dos melhores pra mim. As pessoas eram legais e, apesar das inevitáveis brigas, eu realmente gostava de todos eles. Ria muito todos os dias com as besteiras que o povo falava.
Sexta série, idem...
Agora a sétima começou m tormento fenomenal. Dei de cara com uma menina que eu já conhecia antes, mas que eu nunca pensava que fosse se aproximar da minha turma dessa vez. Dizia-se 100% sincera em tudo o que falava, mas não perdia uma boa oportunidade de alfinetar as pessoas pelas costas. E adivinha só? Como era daquelas pessoas popularzinhas de quinta e que se achava melhor do que os outros, simplesmente achou que pudesse interferir de certa forma na opinião das pessoas. Uma coisa é você concordar com as pessoas em certos pontos e respeitá-las se a opinião delas for verdadeiramente diferente da sua. Agora outra coisa é forçar a barra do "comigo ninguém pode". Fiquei muito tempo calada a respeito dessa fase, mas já que isso é um blog, um diário público da minha vida, eu defendo o meu direito de colocar a boca no trombone e defender o que eu penso: lidei com muita falsidade, com boatos e mentiras e com a inevitável crises de amigos. Como eu já era tímida, ainda conseguia me fazer mais intimidada com as coisas que circulavam ao meu redor. Eu, inclusive, gostaria muito de ser amiga dela nessa época. Não era uma pessoa extremamente inútil: gostava de música boa e tinha um bom senso de conversa. Era bonitinha e tinha um corpo bonito, o que fazia as pessoas quererem ainda mais serem amiga dela. Mas era uma escrota. Falava gritando, ainda mais alto do que umitaliano nato, porque ao contrário deles não tinha educação. Desrespeitava as pessoas, por mais bizarras e problemáticas que algumas são, não há justificativa nenhuma que possa ser dada para intimidar uma pessoa. E de certa forma, como eu bem reparava: tinha o dom de fazer com que todos os seus amigos se portassem da mesma forma que ele, sem a menor educação. Por mais que eu abobinasse tal comportamento, tive que lidar com isso porque todas as minhas amigas andavam com ela. E ainda: tinha que aturar essas crises miseráveis que algumas amigas tinham de virar a cara pra mim de repente e falar um monte de abóbrinha. Fazer o que né... Além do mais: comecei a enfrentar sérios problemas com as minhas notas nessa época. Mas tudo passou e eu tive um leve momento pra recuperar tudo e respirar um pouco.
No ano seguinte, oitava série, mais uma crise: aquele patinho continuava sendo feio. Conversava com algumas pessoas, embora soubesse que minha presença não era a mais requisitada. Meus amigos do passado se distancaram e restaram aqueles que seguiam a garotinha. Tive outra explosão nesse ano: convidei as garotas para vir na minha casa, lidei com uma falata de educação (guerrinhas de comida na mesa com meus pais presentes e tudo o mais). Não que eu seja uma pessoa extremamente chata pra bagunças, mas é o seguinte: é minha casa, tenho limites pra tudo. Não gostei das brincadeiras e me senti no direito de reclamar da situação. Resultado: viraram a cara pra mim. Todas continuaram com o mesmíssimo tipo de comportamento. E ainda mais um: de repente, todo mundo decidiu fazer barracos. Olhou torto, já queria partir pra cima. Quando eu era pequena, não podiam me provocar com aquele besteirol todo que eu já partia pra cima. Mas era uma história: afinal de contas, eu ainda era pequena, não tinha noção de nada e era sozinha. Mas querer bater nas pessoas quando se têm algum problema é outra história. Não podia nem olhar mais, era proibido. E como eu ouvi abobrinha nessa épova, viu. Com tudo isso, ainda me sentia intimidada. Não podia ser quem eu realmente era, vestir roupas que eu gostasse porque eu já era tachada de "copiar as pessoas". Olha: se fosse pra copiar alguém, copiaria pessoas que eu realmente admirasse sem nenhum problema. Mas como sempre, as pessoas sempre tiravam conclusões precipitadas a meu respeito. E eu engoli isso. Durante muito tempo me escondi. Me afastei das pessoas durante uma época para não ter esses problemas e me enfiei dentro dos livros, que sempre foram meus companheiros inseparáveis. Ainda mais quando eu enfrentava um problema.
Teve até uma fase em que as pessoas estavam naquela onda "emocore" ou derivados, em que todo mundo copiava todo mundo, fumavam e bebiam para parecerem cool e tantas outras coisas. Acho que cada um tem o direito de fazer o que quiser, mas acender um cigarro pra pagar de bad boy com aquela cara amarrada e fazendo pose, ah faça-me o favor né...
Depois de tudo isso, meus pais se cansaram. Cansaram de me ver chegando em casa acabada por causa disso, de ter problemas pra me enturmar e de ver que algumas pessoas entravam pra esses caminhos de onda bissexual e de cigarros. Proporam me mudar de escola. Curti tanto a idéia de mudar depois de tanto tempo que resolvi procurar uma. Até estressei meis pais por conta dessa procura desesperadora. Mas encontrei. Em Santo Amaro.
E foi aí que a frase do título entrou na minha vida. Finalmente pude respirar de verdade. Encontrei amigos verdadeiros, pude ser quem eu realmente sou sem medo de ser feliz. Todos são excepcionais, especialmente duas. A gente forma um trio inseparável. E não importa o que aconteça, sei que posso contar com essas duas até debaixo da terra. São irmãs. Uma tem a personalidade e o gênio parecidos com os meus, com aquela opinião extremamente difícil de dobrar, sabe... Mas que ao mesmo tempo, sabe conversar, ser divertida e, principalmente, ser amiga. A outra é um verdadeiro anjo que caiu do céu: nunca vi de mau humor, suas tristezas duram pouco. Tem o espírito de uma criança, tão alegre e inocente que contagia todos que estão ao redor. Sempre feliz e disposta pra vida. Foi com elas que pude conhecer o verdadeiro valor de uma amizade. O fato de poder sair pra vários lugares, usar as roupas que eu gosto, marcar reuniões em casas assistindo filmes e falando bobagens. E não é só esse inseperável trio que é essencial. Todos os outros amigos. Acordo mais disposta do que nunca para ir para a escola. Gargalho todos os dias.
Acho que isso é o mais importante. Depois de tanto tempo eu descobri o que é isso. Poder falar sem ser repreendida, e principalmente poder ser quem eu sou. E o mais importante te tudo: ter sido aceita com todos os meus defeitos. Palavras não podem descrever o valor deles pra mim. Pode-se ter tudo no mundo, mas o que isso significa sem amigos?
Minha vida nunca esteve tão parecida com um carnaval.


"Ser feliz, feliz!" Hoje em dia, esse é o meu principal lema.








OBS: Me sinto no direito de dizer que a pessoa puxou uma tia da família e escreve tanto quanto fala. Ainda mais depois de um post desse tamanho... haha

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